Questionado sobre o acórdão, o ex-prefeito Cristiano Salmeirão disse que ficou surpreso com a decisão, uma vez que, no mérito, a mesma diz não ter sido necessária em pleno auge da pandemia a contratação de serviços para atendimento em separado de pacientes acometidos de covid-19 dos demais, informando que tal segregação de pacientes e de fluxo é a orientação do Ministério da Saúde.
Segundo o ex-prefeito, com a implantação do Corujão em 2020, com atendimento 24 horas, foram separadas as pessoas sem covid-19 e que precisavam de atendimento. Aquelas que tinham sintomas passaram a ser atendidas no pronto-socorro, onde foram colocadas tendas. Dessa maneira, conseguiu-se estabilizar a pandemia, infelizmente com a morte de 118 pessoas.
“O atual prefeito invade o pronto-socorro, aumenta em quase R$ 1 milhão mensal o pagamento pelo serviço e até o momento, infelizmente, faleceram mais de 612 pessoas em 2021, ou seja, mais de 400% de mortes no mesmo período, e para o Tribunal de Contas está tudo certo?”, indagou. “Políticas externas estão atuando para me prejudicar, mas a população é testemunha que em 2020 este serviço esteve à disposição e, inclusive, foi fiscalizado por vereadores à época, aprovado pelos conselhos e noticiado pela imprensa”, disse.
Salmeirão esclareceu ainda que a citação da “Operação Raio-X” pelo Tribunal de Contas é abusiva, uma vez que esta não só foi precedente ao contrato, como não tem absolutamente nada a ver com o mesmo.
Por fim, disse que houve um erro grosseiro, uma vez que foram julgados dois processos em conjunto e em um sequer houve a oportunização de defesa a ele, sendo nula a decisão por este motivo e que sua defesa já está elaborando os recursos pertinentes.
Trânsito em julgado
À reportagem do Hojemais Araçatuba, a Prefeitura informou que a Secretaria de Negócios Jurídicos aguarda o trânsito em julgado da decisão para tomar as providências determinadas pelo TCE-SP, e afirma que, no âmbito do município, não há investigações em andamento.
“Investigações e fiscalizações existentes dos contratos da saúde estão correndo no Judiciário (operação Raio-X) e Tribunal de Contas”, explicou. “Por ora, o município tem colaborado enviando documentações requisitadas pelo Tribunal de Contas de todos os contratos que envolvem convênios com a OS Santa Casa de Birigui, firmados na gestão passada”, finaliza.
A reportagem não conseguiu contato com a ex-secretária de Saúde, Marian Fátima Nakad.
Segundo
Esse é o segundo acórdão que julga irregular contrato firmado entre a Prefeitura e a OS Santa Casa de Birigui na pandemia.
Em agosto deste ano, o TCE apontou vários itens ilegais no contrato de R$ 690.803,30 que previa fornecimento de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), insumos e equipamentos aos profissionais que atuavam na urgência e emergência nos casos suspeitos de covid-19. Esse contrato também foi assinado no dia 22 de abril de 2020 e rescindido dois meses depois, em 24 de junho.