O assalto a agências bancárias em Araçatuba (SP), na madrugada de segunda-feira (30), acabou prejudicando pessoas que precisam de benefícios do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) em Birigui e aumentou a espera por atendimento.

Todas as perícias que estavam agendadas para segunda-feira foram canceladas e remarcadas para até o dia 15 de outubro. Segundo o órgão, “os peritos médicos da unidade (de Birigui) residem em Araçatuba e, para chegar ao trabalho, teriam que passar por áreas da cidade que foram interditadas”, explicou.

O fato indignou quem aguardava o serviço. Regiane da Silva contou que o pai está há três meses afastado do trabalho e esperava pela perícia havia quase dois meses.

“Quando chegou no órgão, na segunda-feira, o segurança informou que não haveria perícia porque os médicos eram de Araçatuba. Até aí, tudo bem, a gente entende. Mas reagendaram para o dia 13 de outubro, ou seja, serão quase três meses de espera. É uma humilhação aguardar tanto tempo para receber um benefício ao qual ele tem direito”, disse à reportagem.

Ela contou que todos os que foram à perícia na segunda foram reagendados com prazo superior a 30 dias. No caso deles, a espera será de 44 dias.

Fechado

O pai dela tem 61 anos e é MEI (Microempreendedor Individual). Ele possui um comércio do qual está afastado há 90 dias por determinação médica.

“Ele ficou mais de 20 dias com tosse. Ao fazer um exame, o técnico suspeitou do pulmão e disse que iria dar uma olhada para ver se estava tudo bem. Foi quando ele visualizou lesões”, disse.

A família não suspeitou de covid-19 a princípio porque ele só tinha tosse. Após o exame, procurou um posto de atendimento para ver se era possível realizar o exame de covid-19, mas a informação é de, como fazia muito tempo a partir dos sintomas, poderia dar um “falso positivo ou negativo”. “Procuramos então um especialista para fazer um exame mais específico (tomografia) de tórax, no qual mostrou lesões de 60%”, lembra Regiane.

Com o passar dos dias, ele foi apresentando complicações, como muito cansaço, fraqueza e falta de ar e, por isso, o médico pediu que o pai se afastasse das atividades.

O medo da família é que o órgão da Previdência não pague o período em que ele ficou parado, pois não se sabe como estará o estado de saúde dele até a nova data. “A gente torce para que ele esteja bom até lá, mas e esse período que ele está doente, como fica? A avaliação médica tem que ser quando a pessoa está doente e não tanto tempo depois”, reclama.

Outro lado

O INSS não informou quantas pessoas tiveram a perícia cancelada na data. No entanto, explicou que, com a remarcação, se a pessoa for considerada incapacitada para o trabalho, o auxílio por incapacidade temporária vai ser pago retroativamente.

O órgão informou ainda que na terça-feira (31), as perícias médicas foram realizadas normalmente na unidade de Birigui.