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Guarda municipal vai a Júri no dia 5 por matar gerente de posto em Birigui
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Publicado em 28/03/2022

O Tribunal do Júri de Birigui (SP) irá se reunir no próximo dia 5 de abril, para julgamento do guarda municipal Vilter José Vilela, acusado de matar Jean Ciriaco da Cunha, que era gerente do posto de combustíveis onde a namorada do réu trabalhava.

O crime a aconteceu em março de 2020 e ele foi denunciado por homicídio duplamente qualificado pelo recurso que dificultou a defesa da vítima e por motivo torpe.

Segundo a denúncia apresentada pelo Ministério Público e aceita pela Justiça, a namorada de Vilela era frentista no Posto Pérola, que tinha Cunha como gerente do estabelecimento.

Consta que o réu tinha ciúmes da namorada, em função do contato diário dela com o gerente, em função do trabalho, e por imaginar que ela seria assediada por ele.

Ainda de acordo com a denúncia, o guarda municipal teria sido proibido pelo gerente de ir ao estabelecimento, por estar atrapalhando a rotina de trabalho, o que teria causado ainda mais irritação, por isso ele teria decidido matá-lo.

Abordagem

Na madrugada de 26 de março de 2020, após passar a noite na casa da namorada, Vilela levantou-se por volta das 5h30 dizendo que iria caminhar, mas foi até o posto onde a namorada dele trabalhava. 

Segundo a denúncia, ele estava armado com duas pistolas, uma calibre 380 e outra calibre 7.65. O gerente do posto chegou ao estabelecimento em um Honda Civic pouco depois das 5h45 e estacionou o veículo em frente ao posto.

Logo em seguida ele foi abordado pelo réu e os dois deixaram o local no carro da vítima, que seguiu até a rua Madalena Marques Galhego, parando um pouco depois de uma subestação de energia da CPFL Paulista.

Tiros

Os dois teriam saído do veículo, sendo que o guarda municipal estaria de posse das duas pistolas. A vítima teria tentado fugir, mas foi perseguida, acompanhada e houve luta corporal. Durante a briga o gerente teria ficado sem camisa.

Ao se afastar, ele teria sido atingido por um disparo de arma de fogo, perto do braço esquerdo. Mesmo ferido, teria continuado correr, até ser alcançado próximo da esquina com a rua Sebastião Matos Sabino.

De acordo com a denúncia, o réu teria dominado a vítima e, à curta distância, feito quatro disparos, atingindo Cunha na região cervical e na cabeça, vindo a óbito no local.

Após os disparos Vilela teria retornado ao carro da vítima e fugido em seguida. Câmeras de monitoramento captaram ele caminhando pela rua José Balani. Além disso, ele teria sido visto por uma testemunha, que havia ouvido disparos de arma de fogo e depois encontrou o corpo.

Celular

Ainda de acordo com a denúncia, por volta das 6h a esposa do gerente do posto telefonou para ele, não foi atendida e ficou preocupada. Utilizando um aplicativo de rastreamento do celular ela saiu à procura do marido e deparou-se com equipe da Guarda Municipal.

Quando ela questionava os guardas se haviam visto um carro igual ao de Vilela, surgiu a testemunha, de moto, informando que havia um corpo em uma estrada de terra e um carro branco abandonado nas proximidades.

Os guardas acompanharam a esposa de Cunha até o local indicado e encontraram o corpo, que estava cerca de 80 metros distante do carro.

O celular da vítima não foi encontrado durante a perícia, mas dois dias depois, seguindo as informações do rastreador, a esposa dele encontrou o aparelho em um terreno às margens da avenida Paulo da Silva, cerca de 200 metros do local onde o corpo foi localizado.

Réu participou de reconstituição do crime e alega legítima defesa

 
Réu participou de reconstituição realizada pela Polícia Civil (Foto: Lázaro Jr./Arquivo)

A reportagem do Hojemais Araçatuba acompanhou a reconstituição do crime realizada pela Polícia Civil em 5 de junho de 2020, conduzida pelo delegado Marcel Basso, com o apoio da equipe do Setor de Investigações da Delegacia Sede de Birigui.

Na ocasião, o réu já estava preso e, acompanhado do advogado Elber Carvalho de Souza, que vai defender a tese de legítima defesa. "Em nenhum momento houve a intenção de matar", argumenta o advogado.

Durante a reconstituição Vilela alegou que havia procurado a vítima para conversar sobre a forma que a namorada dele estaria sendo tratada durante o trabalho.

Ele disse que abordou Cunha dentro do carro dele, na rua João Galo. O gerente do posto estaria com uma pistola no veículo e usado a arma para rendê-lo e obrigá-lo a entrar no carro.

Eles seguiram até o local onde ocorreu o assassinato, onde teria sido obrigado a descer. Na versão dele, o gerente estava no banco traseiro do carro, desceu com a arma em punho, apontando para ele, que reagiu segurando a pistola.

Disparo

Durante a luta ocorreram dois disparos e o guarda disse que conseguiu desarmar Cunha, mas a arma teria travado. Aproveitando que o gerente teria corrido em direção à subestação de energia elétrica, o réu contou que foi até o carro e pegou a pistola dele, que estava no veículo.

Ainda na versão dele, após armar-se ele correu atrás do gerente, o alcançou e houve nova luta corporal. Vilela alegou que durante a briga ele caiu no chão e, como o gerente estava armado, atirou duas vezes contra ele, na região da barriga ou do peito.

O réu disse que mesmo após ser ferido o gerente correu atrás dele com a arma, houve nova luta, ele conseguiu imobilizá-lo e efetuou mais um disparo. Em seguida, foi até o carro, pegou o celular do gerente e o levou até um matagal, onde o deixou junto com um fone de ouvido.

Disse ainda que tirou as chaves do veículo e jogou junto com as do posto em um matagal, do outro lado da rua. Durante a reconstituição ele levou os policiais ao matagal e pegou algumas chaves que estavam no local.

O julgamento será no Fórum de Birigui e ainda não foi informado se será aberto ao público. 

 

 

 
Lázaro Jr. - Hojemais Araçatuba
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