O homem de 41 anos que foi agredido com um chute no rosto desferido por um policial militar à paisana na tarde de sexta-feira (8), em Birigui (SP), negou que estivesse armado com uma faca, conforme consta no boletim de ocorrência registrado na ocasião.
Ele prestou depoimento nesta terça-feira (12), acompanhado do advogado Milton Valcinir de Lima, que assumiu gratuitamente a defesa, por considerar ser “dever de ofício de enquanto criminalista prover a defesa dos oprimidos vítimas de um ato autoritário”.
Em depoimento, o vendedor de doces disse que não se encontra em situação de rua, mas está desempregado e todos os dias sai com uma cachorra de estimação e fica em frente ao cemitério da Saudade. Na imagem que mostra a agressão, ele está acompanhado de uma cadela.
Doces
Contou ainda que costuma vender doces no cruzamento da rua Saudades com a Anhanguera, onde naquela sexta-feira quase foi atropelado pelo condutor de uma Honda Biz, de acordo com ele. O condutor dessa motoneta seria o policial à paisana.
Ele contou em depoimento que em seguida o condutor da Biz o teria distratado e ele respondido no mesmo tom. Em seguida o motociclista, que estava acompanhado de uma mulher, teria estacionado um pouco mais a frente e o chamado.
O agressor teria sacado a arma de cor preta, dito repetidas vezes para que ele ajoelhasse, mas em nenhum momento teria se identificado como policial militar. E quando ajoelhou, foi atingido por um chute no queixo.
Desmaiou
O vendedor disse que após o golpe ele desmaiou e ao recobrar a consciência, já estava na calçada do outro lado da rua, encostado num muro, na presença de diversas viaturas da Polícia Militar.
Ele alegou ainda que havia uma viatura de resgate do Corpo de Bombeiros, mas não foi atendido e nem levado ao pronto-socorro para atendimento médico. No boletim de ocorrência de sexta-feira registrado pela Polícia Militar consta que ele teria recusado atendimento médico.
Forjar
Ainda de acordo com o vendedor de doces, ele teria ouvido o condutor da Biz falar com outros policiais que iria passar a versão de que supostamente teria sofrido uma tentativa de assalto no semáforo, mediante uso de faca.
De acordo com ele, populares que estavam pelo local teriam ouvido o motociclista dizer que inventaria essa versão e o desmentido, afirmando que o vendedor de doces não estava armado.
Segundo o vendedor de doces, ele foi levado para a delegacia algemado. Enquanto aguardava na parte de trás da viatura, um dos policiais militares teria se aproximado e mandado alegar em depoimento que havia caído no chão, caso contrário, seria forjado um flagrante de tráfico contra ele.
Sem faca
Por fim, disse que não é usuário de drogas e que na sexta-feira havia consumido pouca quantidade de bebida alcoólica. Também afirmou que não estava armado com faca e que em momento nenhum ameaçou o condutor da Honda Biz.
No boletim de ocorrência consta que ele teria tomado cinco corotes de cachaça e feito uso de crack. Em depoimento, ele alegou que na ocasião estava todo machucado e não teve tempo de ler o que havia assinado.
O advogado informou que o cliente dele tem um ferimento na boca, que teria sido causado pelo chute desferido pelo policial militar, e requereu a guia para que ele passasse por exame de corpo de delito no IML (Instituto Médico Legal).
PM instaura investigação preliminar para
apurar a conduta
O CPI-10 (Comando de Policiamento do Interior), de Araçatuba (SP), enviou nota ao Hojemais Araçatuba na tarde desta terça-feira comunicando que será instaurada investigação preliminar para apurar a conduta do policial militar acusado de agredir um morador em Birigui com um chute no rosto.
Segunfo o que foi divulgado, todas as providências legais serão adotadas referentes ao fato ocorrido na sexta-feira. "A Polícia Militar do Estado de São Paulo reafirma seu compromisso com a legalidade no desenvolvimento de suas atribuições constitucionais, não coadunando com eventuais desvios de conduta praticados por seus integrantes, sendo todos os fatos apurados", informa a nota.
Lázaro Jr. - Hojemais Araçatuba