A Polícia Civil de Birigui (SP) identificou o autor do assassinato de Rafael Rodrigo da Silva Cardozo, 35 anos, que teve o corpo encontrado parcialmente enterrado em um canavial na zona rural da cidade, na manhã do dia 4 deste mês. O crime teria ocorrido no dia 28 de outubro, na empresa onde a vítima trabalhava.
Ouvido na manhã desta sexta-feira (18), o patrão de Cardozo confessou a autoria do crime e apresentou o pedaço de madeira que teria usado para bater na cabeça da vítima.
O caso foi esclarecido por equipe chefiada pelo delegado Eduardo Lima de Paula, que após reunir indícios de autoria representou pela expedição de mandados de busca para a casa e para a empresa do investigado, ambos no bairro Portal da Pérola 2, em Birigui.
Os mandados foram expedidos pela 2ª Vara Criminal de Birigui e cumpridos nesta manhã. O empresário teve uma caminhonete GM S-10 apreendida para perícia. O veículo teria sido utilizado para transportar o corpo até o canavial, segundo o próprio empresário.
Roubo
Segundo a polícia, ao prestar depoimento, incialmente o acusado alegou que ele e o funcionário dele teriam sido vítimas de três assaltantes, que teriam levado grande quantia de dinheiro da empresa e matado Cardozo.
Alegou ainda que os supostos ladrões teriam ameaçado fazer mal aos familiares dele se chamasse a polícia, por isso, ficou com medo e decidiu esconder o corpo.
A polícia percebeu que havia contradições na versão apresentada, com base no que já havia sido apurado na investigação. Ao informar que ele poderia responder pelo crime em liberdade caso contasse a verdade e colaborasse com as investigações, o empresário confessou o crime e afirmou ter agido sozinho.
Desentendimento
Na nova versão apresentada à polícia, o investigado afirmou em depoimento que Cardozo era usuário de drogas e suspeitava que ele utilizasse o horário de trabalho para “fazer corres” relacionados aos entorpecentes.
Alegou ainda que o funcionário estaria levando o irmão da mulher dele para sair com outras mulheres, mesmo sabendo que ele era casado, e desconfiou que poderia estar incentivando-o a fazer uso de drogas.
Além disso, ele teria feito uso do aparelho celular corporativo e da linha de trabalho para conversar com amantes e enviar fotos sensuais.
Segundo o empresário, ao confrontá-lo, sobre tudo isso, ele teria sido atacad e se defendido utilizando a corda da capota marítima da caminhonete para enforcá-lo. Cardozo teria perdido os sentidos, mas voltado a si momentos depois, ainda mais enfurecido.
O funcionário teria tentado atacá-lo novamente, por isso bateu na cabeça dele utilizando um pedaço de madeira. Ao bater com a quina do objeto na vítima, ele teria ouvido barulho que imaginou ser de um osso quebrando, causando bastante sangramento.
Ocultação de cadáver
Como a vítima estava desacordada, o empresário disse que decidiu colocá-la em uma BAG usada para carregar cebolas e a levado para os fundos do barracão. Ele alegou que lavou a sujeira antes da chegada da esposa e de outro funcionário, que faziam trabalho externo.
Depois, sozinho retirou o corpo da BAG, o colocou na caçamba da caminhonete, cobriu com a lona marítima e saiu em direção ao bairro rural do Goulart, para escondê-lo. Disse ainda que parou para abastecer o veículo e próximo da “Ponte Velha” encontrou um carreador de cana que considerou ser o local adequado para esconder o corpo.
Segundo o empresário, ele desovou o corpo, dispensou o pedaço de madeira usado na agressão e voltou para casa, tendo mandado lavar a caminhonete em um lava jato, alegando que teria atropelado e matado uma capivara, que teria carregado na caçamba.
Enterrado
O investigado disse à polícia que madrugada do sábado para domingo (30) voltou ao canavial com outro carro dele, um VW Fox, e tentou encobrir o corpo com uso de uma pá. Como a terra estava muito dura, ele desistiu. Porém, retornou ao local novamente na tarde de domingo com uma Honda Biz, levando um enxadão.
O empresário disse à polícia que após conseguir cobrir parte do corpo passou a sentir uma sensação muito ruim. Ele então retirou as roupas que Cardozo vestia, voltou para casa e as queimou na churrasqueira, com exceção dos sapatos, que alegou ter perdido no caminho junto com o enxadão. Por fim, alegou estar arrependido do que fez.
Investigação
Durante as buscas a polícia apreendeu um computador e fotografou locais relevantes, como a a churrasqueira que teria sido utilizada para queimar as roupas. Ela é do tipo a bafo, de médio porte, e não tinha resquícios de carvão ou tecidos, segundo a polícia.
Parte da equipe investigação esteve com o empresário no canavial e localizou o pedaço de madeira que ele disse ter usado para matar a vítima. Segundo a polícia, o objeto tinha manchas que aparentam ser de sangue.
A caminhonete foi apreendida e será periciada na tentativa de localizar resquícios de sangue, assim como os celulares do investigado e da esposa dele foram apreendidos e serão periciados.
O empresário foi indiciado por homicídio qualificado e ocultação de cadáver, mas deve responder em liberdade. Ele poderá ser enviado para julgamento pelo Júri Popular.