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Guarda municipal confessa ter matado gerente de posto em Birigui;
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Publicado em 07/06/2020

A Polícia Civil de Birigui (SP) realizou nesta sexta-feira (6), a reconstituição do assassinato de Jean Ciriaco da Cunha, 42 anos, ocorrida na madrugada de 26 de março.

Ele era gerente de um posto de combustíveis na rua João Galo, esquina com a Nove de Julho, no qual também trabalhava a namorada do guarda municipal que é acusado do homicídio. Ele confessou o crime, alegando legítima defesa.

Cunha era conhecido na cidade, porque além de ser gerente do posto, era sócio do engenheiro Rodrigo de Andrade Simon, que projetou a cadeirinha Smart, acessório que avisa os pais se eventualmente esquecerem o filho dentro do carro.

O corpo dele foi encontrado no início da manhã daquela quinta-feira, próximo ao carro dele, um Honda Civic, em uma rua de terra entre os bairros Jardim do Prado e Paineiras, próximo do acesso à rodovia Deputado Roberto Rollemberg (SP-461).

A esposa contou à polícia que ele havia saído de casa com o Honda por volta das 5h30 naquela madrugada e, como não conseguiu falar com ele, o encontrou pelo rastreador do celular, já sem vida.

Preso

O caso é investigado pelo delegado Marcel Basso, que com o apoio da equipe do Setor de Investigações da Delegacia Sede de Birigui, identificou o guarda municipal como autor do crime.

Ele foi preso temporariamente em 16 de abril, ocasião em que também foi cumprido mandado de busca e apreensão na casa dele e da namorada dele, que trabalhava no posto de combustíveis.

Uma pistola calibre 380 e um carregador com 13 munições intactas do mesmo calibre foram apreendidas com o acusado, junto com dois carregadores vazios.

Diferentemente de quando foi preso, quando se manteve em silêncio por orientação do advogado, durante a reconstituição do crime o guarda municipal falou que procurou a vítima para conversar sobre a forma que a namorada dele estaria sendo tratada durante o trabalho pelo gerente.

Reconstituição

A reconstituição começou pouco depois das 9h, nas imediações do posto de combustíveis. O indiciado estava acompanhado do advogado Elber Carvalho de Souza, que assumiu a defesa dele na semana passada.

O guarda contou que abordou Cunha quando ele ainda estava dentro do carro dele, na rua João Galo, para conversar.

Entretanto, de acordo com ele, a vítima estava com uma pistola no veículo, o rendeu e mandou entrar no carro, com o qual seguiram até o local onde ocorreu o assassinato.

Durante a reconstituição, ele conduzia o Honda e disse que foi obrigado a descer assim que estacionou na estrada. O gerente, que estava no banco traseiro, desceu com a arma em punho, apontando para ele, que reagiu segurando a pistola.

Enquanto lutavam teria ocorrido dois disparos e o guarda relatou que conseguiu tomar a arma da mão da vítima, mas ela teria travado após os dois disparos.

Luta

Segundo o indiciado, nesse momento Cunha saiu correndo em direção à subestação de energia elétrica existente no local. Ele aproveitou, foi até o carro, pegou a pistola dele e correu atrás do gerente, que foi alcançado.

Houve nova luta corporal, e durante a briga, o indiciado disse que caiu no chão. Nesse momento, o gerente já estaria com a pistola dele, por isso, atirou duas vezes contra a vítima na região da barriga ou do peito.

Ainda de acordo com o indiciado, mesmo ferido o gerente o perseguiu com a arma. Eles novamente entraram em luta, mas conseguiu imobilizá-lo, de bruços, e atirou novamente.

Após os disparos, o guarda disse que foi até o carro, pegou o celular da vítima e levou até um matagal, onde o deixou, junto com um fone de ouvido.

Chaves

Ele também contou que tirou as chaves do veículo e jogou junto com as do posto em um matagal do outro lado da rua. Assim que chegou na cena do crime, o acusado foi até esse matagal e pegou algumas as chaves, que ainda estavam lá.

O indiciado disse que deixou o local caminhando em direção à rodovia, mas como viu uma pessoa com uma bicicleta, decidiu voltar. Então, ele seguiu pela cidade mesmo até a sede da Guarda Municipal, na rua Nove de Julho, onde tomou banho e depois foi para casa.

A mochila dele com um par de calçados e as roupas que trocaria após o banho teriam ficado no carro e não foram encontradas.

Inquérito

O delegado informou que, em depoimento que prestou quando já estava preso, o acusado alegou que procurou a vítima para conversarem sobre atitudes para com a namorada dele no ambiente de trabalho, que estaria sendo maltratada.

Ele já estava armado, mas o gerente o surpreendeu com uma pistola, fez com que se desarmasse e entrasse no carro e fossem ao local do crime, que é a versão apresentada na reconstituição, última diligência policial.

Segundo a polícia, a suposta arma que estaria com a vítima não foi encontrada. O indiciado disse que a jogou no ribeirão Baixotes, versão que a polícia não acredita.

Apesar da confissão, a investigação encontrou diversas contradições no interrogatório do guarda municipal, ao confrontá-lo com as provas matériais que haviam sido reunidas.

O inquérito será relatado na próxima semana, quando termina o prazo da prisão temporária, que já foi prorrogada uma vez.

“Aguardamos um ou outro laudo, mas o que temos é conclusivo. Ele confessou o crime e vamos analisar o que foi demonstrado na reconstituição para ver o que convergiu ou divergiu do depoimento”, explicou.

Defesa

O advogado Elber Carvalho de Souza reforçou que em nenhum momento o cliente dele teve a intenção de matar a vítima.

Porém, como assumiu o caso recentemente, vai aguardar a conclusão do inquérito para analisar a tese da defesa. “A reconstituição é importante para apurar a dinâmica dos fatos. Vamos analisar o inquérito para entrar com os recursos cabíveis”, explicou Souza.

A advogada da esposa da vítima também foi ao local da reconstituição, porém, como o caso corre em segredo de Justiça, ela não pode acompanhar os trabalhos.

Lázaro Jr.

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